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Se Galiza tivesse seleçons próprias

As pessoas que defendemos que a Galiza participe em competiçons internacionais de forma oficial temos que ouvir amiúde o pobre e simples argumento que di que no Estado só há umha seleçom, a espanhola. Do demais, nem falar.
Seguramente o nosso interlocutor nem imagine que somos potencia e referencia em triatlom, remo, ciclismo, taekwondo, handeball…, etc. Poderiamos começar a dizer-lhe aquelo de: “Umha naçom e ou nom é. Se nom existe nom se pode inventar, e se existe nom se pode esconder nem afogar”. Galiza como naçom tem dereito a ter seleçom própria, com Espanha somos invisíveis e levamos umha corda no pescoço.

Podemos continuar a debulhar isto mais polo miúdo.

Um exemplo de invisivilidade (cara o nosso desporto) encontrei-no, recentemente, numha entrevista com a presidenta da Federaçom de Taekwondo, Merce Barrientos, na qual afirma: “Se a Galiza fosse um Estado, os e as nossas taekwondistas seriam heroínas nacionais”. A continuaçom, descubro que estas desportistas tenhem conseguido um elevado número de êxitos internacionais. O primeiro que véu a minha cabeça foi saber quantos galegos e galegas tenhem conhecimento disto. Abrem-se as apostas.
Merce Barrientos laia-se de que nom há dinheiro para pagar os custos que supom esta prática desportiva, que tenhem que tirar da imaginaçom para sobreviverem e que quase nem tenhem meios materiais ao seu alcance. 

Estes e estas desportistas tivérom a má sorte de se dedicarem ao taekwondo e nom o futebol. A corda afoga o pescoço e Espanha torce a cara.

No mundo do ciclismo, deparamos com umha situaçom esperpêntica, fiel reflexo do que é a marginalizaçom a que estamos submetidos. A equipa ciclista galega desmantelada por completo. David Blanco, quatro vezes campeom da Volta a Portugal, nom é quase conhecido e Ezequiel Mosquera afastado, sancionado e sem possibilidade de defesa nem julgamento.
Com a recente implantaçom do futebol Gaélico no nosso país, abre-se umha via para estender pontes com países da órbita Celta, já que este desporto é praticado maioritoriamente na Irlanda, Bretanha, Gales… etc. Isso permitiria que criássemos relaçons dentro do nosso ambiente natural. Mas novamente, vemos como isto é totalmente negado, ignorado e relegado o caixom do esquecímento. Para o espanholismo, é mais importante dispor de ecráns para ver a seleçom de futebol do que fomentar este desporto a partir da base e como meio de intercámbio cultural.
Ivám Ranha, triatleta e pioneiro deste desporto no Estado, fica fora dos jogos olímpicos por amiguismos na federaçom madrilena.
Estefania Hernandez, Saleta Castro e muitos outros nom saem nos títulos dos grandes media, mas o seu esforço e nível de superaçom é igual ou superior ao de Cristiano Ronaldo ou Messi. Infelizmente, a diferença entre eles e abismal. Umhas treinam na solidade, praticam o seu desporto em precariedade e num silêncio mediático, enquanto outros vivem no luxo e fama.

Com Espanha, o único futuro que nos aguarda é futebol dia sim e dia também. Cortes ao desporto de base, negaçom das nossas desportistas e da nossa realidade nacional. Marginalizaçom do desporto feminino, tornarmo-nos sedentários e convertermo-nos em meros expetadores passivos dos grandes eventos desportivos.
Se a Galiza fosse um Estado e tivesse seleçons próprias, o desporto deixaria de ser um negócio. As nossas desportistas teriam o reconhecimento das galegas e galegos. Disporiam de mais meios o seu alcance, fomentaria-se a promoçom dos seus desportos e teriam mais possibilidades de competirem a nível internacional. Promovería-se o intercámbio cultural e as nossas crianças sonhariam com serem algum dia Saleta Castro ou David Blanco.


Alexandre Costa